<a href="http://supravidasecular.bandcamp.com/album/ritmada-eloquencia-poetica-vol-i-ep">Causa Primaria by S.U.P.R.A. Vida Secular!</a>

domingo, 18 de maio de 2008

GRAVANDO | #9

Devagar se vai ao longe e aos poucos estou chegando à consolidação do álbum Ritmada Eloqüência Poética (Vol. I). Ele vai ganhando consistência à medida em que cada faixa é finalizada, somando ao repertório.

Gravamos três novas músicas (que começaram a ser arranjadas – uma marcha-canção, um choro-jazz e um hip hop-bossa nova) e já terminamos o processo de mixagem de outras quatro “pérolas nobianas”.

As gravações ‘master’ são tesouros lapidados pelas mãos de um cantor/compositor e de um tecladista/produtor ao longo de meses; sendo assim merecem todo o cuidado do mundo por parte de seu administrador maior, que sou eu – aquele que vai oferecer os tais tesouros musicais para a livre audição e difusão. Todo mundo vai ouvir o próximo som: “um manifesto anti-alienação” que abrirá as portas da sua percepção. Você está preparado para guitarradas sintetizadas e rimas contundentes?

sábado, 10 de maio de 2008

Mondo Musicale

Apesar de ainda não atingir todas as camadas sociais do Brasil - muitas vezes por causa de suas letras que denunciam uma realidade que ninguém quer ver -, o rap segue vários rumos. No caso de Gustavo Gêiser Nobio, entrevistado desta edição do Mondoscópio e conhecido pela alcunha de S.U.P.R.A. Vida Secular!, as letras carregam otimismo e positividade, mas sem esquecer do protesto.

Gustavo contou a MONDO77.FM sobre seu trabalho, sua ligação com o hip-hop, o primeiro álbum e a importância social desse estilo. Reprodução da entrevista concedida ao jornalista Gabriel Gurman.


Quando você percebeu que tinha talento para composição e interesse em  fazer música? Eu deveria ter entre 14 e 15 anos de idade. Isso aconteceu há muuuuuito tempo, lá no milênio passado [risos], por volta de 1989/1990.
Conte um pouco da sua história como músico (quando começou, etc). Desde moleque eu sempre gostei bastante de quadrinhos (especialmente os de super-heróis), meu sonho era ser desenhista e trabalhar na Marvel ou na DC Comics, mas eu não tinha o menor talento como desenhista. Meus pais viviam comprando papel, lápis de cor e material para desenho, incentivavam como podiam minha precoce inclinação para a arte – pelo fato de eu sair rabiscando tudo que via pela frente. Aos poucos fui percebendo  que eu era muito melhor com as palavras do que com figuras. Já sendo naquela época admirador de ficção científica e leitor assíduo da Issac Asimov Magazine (um livrinho de contos que era publicado todos os meses no Brasil), comecei a inventar as minhas próprias historinhas e alimentar a vontade de ser escritor ou roteirista. Mal sabia eu que aquilo nada mais era  que uma espécie de “estágio” para a formação do letrista que viria a seguir. De forma inconsciente, eu já absorvia algumas informações musicais dentro da minha própria casa, onde podia-se ouvir (velhos vinis de) Evaldo Braga, Benito di Paula, Roberto Carlos, Martinho da Vila, Michael Jackson, Jimmy Cliff, Phil Collins, Ultraje A Rigor, Paralamas do Sucesso, etc. Meu estalo aconteceu mesmo quando ouvi um disco do (sumido) M.C. Hammer chamado Please Hammer Don`t Hurt`Em (1990), emprestado por uma amiga. Foi a música "Pray" (com sample de Prince, faixa 2 do lado B) que despertou em mim o desejo de compor. A partir daí as rimas pueris foram nascendo, cresceram, amadureceram e tornaram-se mais ousadas poeticamente; gradativamente minha percepção musical se aperfeiçoou  e virei também melodista (devido ao interesse por música brasileira e jazz).  
Quem é Gustavo Nobio (de onde é, como vive, o que faz além da música, etc.)? Gusnob é um amante incondicional da música e entusiasta da arte; um jovem sonhador que vive no universo da criação. Sou natural do estado do Rio de Janeiro, fui criado na região metropolitana e moro em Niterói, cidade que já revelou grandes músicos. Trabalho na construção de letras e sons, sou um operário musical.
Da onde surgiu o nome S.U.P.R.A. Vida Secular! ? Esse nome surgiu em 2003, inspirado nas divagações durante o percurso de ida e volta pela ponte Rio-Niterói ao longo de uma semana de batalha. Sentia a necessidade de expressar minhas impressões  sobre a vida, musicalmente falando, através de um apelido que representasse um conceito: suprema unicamente, porém rígida absolutamente vida secular.
Como anda o processo de gravação de seu primeiro álbum inteiro, Ritmada EloqüênciaPoética (Vol. I). - Por que só agora um álbum inteiro? Comecei a gravá-lo em dezembro de 2007, um pouco antes do Natal. Está sendo produzido por mim (responsável pela autoria de todas as canções e concepção musical) e pelo Raul Rachid (teclados e programações). O disco será composto de nove faixas e será lançado ainda esse ano num esquema 100% independente (o famoso faça você mesmo/do it yourself), falta pouco pra ser concluído. Poderá ser ouvido também na internet e futuramente pretendo disponibilizá-lo para download. O interesse de algum selo ou gravadora é bem vindo, o que proporciona levar o formato físico a um público muito maior, mas... não há nada certo nesse sentido. A primeira música de trabalho, “Sorriso Miserando”, já está disponível aqui.  Costumo dizer que esse álbum é o meu primeiro filho: motivo de muito orgulho e  realização de um sonho pessoal. A semente já havia sido plantada em 2005, quando gravei um single com duas músicas intitulado Compacto Simples (Mente). Com o tempo a gente aprende que não se deve depositar muita confiança em promessas, é preciso arregaçar as mangas e meter a mão na massa. Corri atrás, suei a camisa e consegui captar recursos para viabilizar a produção (deixando bem claro que não tenho pai rico e não fui beneficiado com nenhuma lei de incentivo!).   
No seu blog (www.SupraVidaSecular.com), você comenta que um DJ turco tocou em uma rádio americana uma música sua, ou seja, de um brasileiro. Como você vê o cenário musical mundial de hoje em dia? Sem dúvida nenhuma está muito mais fácil divulgar um trabalho, pois não precisamos mais depender das companhias fonográficas e muito menos do c.d., deixando que a rede mundial de computadores assuma a função de vitrine e divulgadora. Eu percebo que em termos de qualidade artística a coisa não anda tão boa assim, embora a oferta de bandas e cantores seja gigantesca os avanços da tecnologia fizeram com que a música ficasse um pouco fria ou se transformasse em fundo musical para vídeo clipe na era MTV. O Kerem Gokmen, que comanda o programa Dubmission, é um verdadeiro exemplo de homem a serviço da boa música, o cara não é guiado pelas tendências de mercado, toca aquilo que tem personalidade e verdade musical.
Você acha que toda essa evolução tecnológica é apenas benéfica para quem mexe com música? Não. Se estende a todos que trabalham com comunicação de uma forma geral. Essa coisa de tecnologia é algo muito interessante também se olharmos para outras áreas, beneficia da investigação criminal até a agricultura. 
Nos EUA, o hip hop tomou conta do grande mercado e ultrapassou as barreiras do gueto. Aqui no Brasil, apesar do sucesso do Racionais em 1998, você acha que essa barreira ainda é grande? Penso que já foi até maior, mas poderia ter uma penetração mais abrangente. Isso tem a ver também com espaços, oportunidade e investimento. No primeiro mundo um artista de rap que fica milionário faz seu dinheiro circular, monta um selo e dá a chance de um artista menor mostrar o seu som. Aqui a coisa é diferente, parece que existe uma certa resistência, por parte dos grandes artistas, para abrir as portas aos que estão chegando. É tudo muito mais difícil no terceiro mundo, mas as barreiras existem pra serem quebradas.
Você acha que no Brasil, o hip hop é naturalmente uma música de protesto? Sim pelas condições sociais e culturais  desse país, a crítica é genuína a partir do momento que temos fome no Nordeste, falta de saneamento básico na periferia, moleque cheirando cola, ensino público deficiente, sistema de saúde precário e preconceito racial. A origem da música rap é norte-americana, mas a denúncia é brasileiríssima.
Em “Samba do Vacilante” você faz uma letra contrária às drogas e à violência. O que você acha das letras que fazem apologia a essas coisas? Todos são responsáveis por aquilo que defendem. Se numa música alguém glorifica as armas e o uso de entorpecentes (ou faz menção a isso nas entrelinhas) não poderá reclamar quando for vítima da violência (que não faz distinção de ninguém). Tem um ditado que diz que o feitiço às vezes volta contra o feiticeiro, é uma grande verdade.  O compositor tem que ter a responsabilidade de não passar péssimos exemplos de conduta para a juventude. 
Você acha que uma letra pode ter poder de transformação ou, pelo menos, exercer grande influência em uma pessoa? Sou prova viva disso. Fui influenciado pelas boas mensagens que li e ouvi e a minha música reflete positividade e otimismo em relação ao futuro.
Como você avalia a função social do rap? Um dos grandes trunfos desse tipo de música é o seu grande poder de formar opinião e agregar pessoas.  Ele educa quando deixa de ser extremista para ser articulado, baseando-se em fatos históricos que misturados a alegorias explicam a realidade da sociedade brasileira e levantam a bandeira da auto-estima do povo afro-descendente. O rap funciona, a meu ver, como ferramenta de valorização e respeito em relação às camadas mais carentes.  
Na última virada cultural em São Paulo , o palco de rap ganhou um grande reforço nasegurança e a revista foi muito mais rigorosa e severa. Você acha que o rap e os rappers ainda sofrem muito preconeito? Lógico que sim. É preciso dizer que artistas bem intencionados e conscientes pagam por aqueles sem nenhuma responsabilidade e que fazem mal uso do discurso violento que adotam.
Suas letras são autobiográficas? Posso afirmar que pelo menos 80% delas, são o espelho da visão que tenho desse mundão que procuro entender. Minha sede de expressão é enorme, é a SUPRA Vida e quem sabe viver faz parte dessa torcida.
A sua música possui influência de diversos gêneros como rap, jazz, hip hop, baião, rock e muito mais. Você acha que essa mistura toda acaba afastando aqueles fãs mais tradicionais de cada um desses estilos ou acaba unindo, através da música, pessoas que não se relacionariam normalmente? Pode afastar os mais radicais ou puristas, mas quem tem cabeça aberta não torce o nariz para a diversidade. Música é uma manifestação cultural que visa juntar as pessoas e não segregá-las.
Para onde caminha o hip hop nacional? Noto que o gênero vem se sofisticando cada vez mais, fico contente em saber que repeadores importantes como Marechal, Dom Negrone, Parteum (Mzuri Sana), Aori (Inumanos), Kamau, Paulo Napoli e vários outros promovem uma intensa “campanha” de elevação do ritmo e poesia como uma autêntica forma de arte contemporânea.  
Para qual público você destina sua música? Ou seja, existe algum público específico a quem você gostaria de atingir com as suas canções? Minha música é direcionada a todas as classes sociais que estejam dispostas a me ouvir, não quero que minha mensagem fique restrita a determinado grupo ou tribo. A intenção é que atinja o maior número de pessoas possíveis, dos barracos às mansões, e cumpra sua função: divertir e informar.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

GRAVANDO | #8

Se antes eu tinha 70% de material gravado, hoje já possuo quase 100% do álbum mais esperado de todos os tempos desde que comecei a fazer música lá pelos idos de 1990. Nunca pensei que um dia eu compusesse uma canção com estilo de banda marcial anunciando um grande desfile na avenida principal da cidade - ela é uma das faixas mais recentes e sintetiza o espí­rito do conjunto da obra.

Ritmada Eloqüência Poética (Vol. I)
é a concretização de um sonho antigo, que só agora está ganhando tradução através dos sons. Eu já havia participado de outras produções fonográficas antes, mas apenas como intérprete em discos de coletânea. Dessa vez não serei um mero coadjuvante, agora sou o artista principal. Que rufem os tambores e me deixem passar que eu estou chegando!!!